
A diferença é grande. Não querer filhos é opção. Não permitir a entrada com crianças é segregação.
Que fique bem claro: Childfree não é um movimento de sororidade ou empoderamento feminino. Childfree é um movimento de exclusão, de raiva e de aversão à crianças.
Quando um lugar coloca uma plaquinha feliz dizendo “somos childfree” não significa que os donos e funcionários sejam contrários às mulheres serem forçadas a um tipo de maternidade compulsória. Significa que eles odeiam crianças,
Não é um barzinho, uma sinuca, um fumódromo, um bordel ou algum lugar verdadeiramente inapropriado para crianças – é um restaurante, um cinema, uma loja, um bistrô, um evento artístico…
Eu entendo a vontade de estar entre adultos, inclusive (ou principalmente) por mães.
Sim, é bem comum mães quererem um dia de folga do universo infantil e desejarem um papo adulto entre apenas adultos.
Mas sejamos sinceros, isso não é uma possibilidade tão fácil de se conseguir para boa parte das famílias.
É bem difícil ter com quem deixar os filhos para fazer uma compra, uma refeição, ver amigos numa lanchonete qualquer, ir a um casamento, etc, etc sempre que queremos ou precisamos.
Existem crianças que choram, gritam, fazem cocô, jogam objetos em público. Terrível, não é mesmo? Sim. Péssimo.

Icone mais utiliizado pelo movimento
Nem os pais mais perfeitos não foram abençoados com filhos 100% livres de birras.
Mas usemos um pouco do raciocínio lógico:
uma criança que é privada de momentos em comunidade com pessoas de diferentes famílias, costumes e idades nunca vai conseguir aprender a lidar com a vida. Nunca vai aprender a conviver.
Pais que estão com uma criança fazendo birra em público pensam em tantas coisas ao mesmo tempo que chega a ser exaustivo pôr no papel.
Pensam na forma mais rápida de fazer aquela cena parar.
– chantagem “e se eu der algo em troca dele parar?”
– lição “não importa se estão todos olhando, não posso permitir a perpetuação dessa atitude”
– autoridade “só pedir deveria ser o suficiente para ele parar? por que ele não me respeita?”
– motivo “o que aconteceu para esse tipo de reação? será que eu causei esse dramalhão todo?”
– julgamento “se eu pegar leve, vão achar que sou um pai ruim. Se eu pegar pesado também”
– atenção “se eu ignorar será que ele para de fazer birra? Se demorar para parar as pessoas ficarão incomodadas. Se eu der mais atenção será que piora ou melhora?
É complicado. É desagradável. Pra quem está em volta e principalmente pra quem tem que resolver.
Mas todas as pessoas que estão fartas de verem crianças no mundo, também já foram crianças. Também deram showzinho vergonhoso para os pais, e esses também superaram.
É convivendo que se aprende a conviver, Meio óbvio, não?
Childfree não tem nada a ver com feminismo por ser excludente e ser extremamente injusto com boa parte das mulheres.
Nem todas nasceram para ser mães. Muitas não querem e nunca vão querer filhos
E TUDO BEM.
Dá pra coexistir pacificamente de forma linda com quem não quer ter filhos, ou até mesmo com quem não gosta de crianças.

Minha família e eu em um show de jazz, sem incomodar ninguém
Mas isso é bem diferente, isso é absurdamente distante de proibir a entrada de crianças em uma área comum. Mães são constantemente excluídas da sociedade, não sejam cumplices disso.
Não puna quem quer filhos. Não limite a mãe à reclusão.
Por favor…
nossos filhos vão crescer e vão usar os adultos que viram como exemplo.
Espero só que não se tornem intolerantes.
Por Yohanna Cordeiro - Doula e Consultora Perinatal. Ao compartilhar, utilize as opções do site. A cópia e reprodução integral ou de qualquer trecho desse texto não está autorizada sem que haja link direto para o original e créditos à autora.
Um comentário sobre “Sobre o Movimento Childfree”